segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Missionário no Maior Índice de Suicídio do Mundo!
Missionário Walace Francisco dos Anjos
ENTREVISTA
O pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Aribiri, Walace Francisco dos Anjos nasceu num lar cristão há 37 anos, viveu em fazendas, filho de uma dona de casa e um seleiro ainda em atividade, liderou jovens em missões evangelísticas, teve chamado missionário ainda na juventude, graduou em Teologia, casou, teve filhos, pastoreou igrejas, construiu templo, foi secretário de Missões, e muito bem preparado foi enviado à três anos, pastorear no campo missionário. É de se esperar que com uma larga experiência culturalmente brasileira, num país de mesma língua, nossa antiga pátria mãe, os desafios seriam menores, que fosse um local de fácil convivência, afinal Portugal é Europa, rica, com bloco econômico estruturado, moeda forte, sistema de saúde perfeito e tudo organizado. Mas não foi bem isso que encontrou no Além Tejo. Havia uma congregação de apenas onze membros e muito a ser feito. Vejamos:
Francisco: Como é estar num país sem tradição pentecostal no conhecimento do Evangelho de Jesus Cristo?
Pastor Walace: Língua também diferente! Palavras do português daqui e lá diferem tanto de se tornarem uma verdadeira afronta. O impacto é violento. O português despreza o Brasil, tratando-o como uma colônia. Olham o Brasil e o brasileiro de cima para baixo. As notícias que chegam lá, é que o Brasil é um país de favelas, onde todo mundo passa fome. Todas as mulheres são prostitutas e os homens ladrões. Para se ter uma idéia, se a mulher brasileira estiver sozinha na rua, param o carro, buzinam e abrem a porta para ela entrar. Chegaram até oferecer-me emprego de barman, porque pensavam que eu estava lá para tentar a vida, por ser um desempregado no Brasil e estaria passando fome.
Então, além do impacto psicológico, tem a questão da cultural.
Francisco: Como é a questão cultural e que hábitos e práticas o senhor considera muito estranho?
Pastor: Tem muitos hábitos que são normais para eles, que aqui é diferente.
Francisco: O beber vinho por exemplo?
Pastor: O vinho é o mínimo na cultura. O sério lá é o alto índice de suicídios, o maior do mundo é no Além Tejo. E o sistema das famílias cumprirem o luto. A pessoa se veste de preto e cobre-se com uma espécie de burca e não pode sorrir por mais de ano. O catolicismo é muito estranho, só tem nome, são muito ligados a bruxarias, aparecem doenças que médico algum consegue descobrir. Os católicos lá, se precisarem trocar o carro, consultam a bruxos sobre o assunto, para saber se haverá acidentes se comprar tal carro.
Francisco: A que o senhor atribui este alto índice de suicídios?
Pastor: A maior causa de suicídio é o ateísmo. Eles não possuem esperança. Não crêem na vida após a morte. Então quando se deparam com algum problema, não vendo saída, recorrem ao suicídio, por serem negativistas. Portugal é o terceiro país mais negativista do mundo. Alem de crerem ser hereditária a maldição do suicídio, há famílias que o avô se suicidou, os filhos também, então acreditam ser natural o neto suicidar-se. Não sabem que se trata de uma questão espiritual.
Francisco: Como foi a ação evangelística para sua igreja triplicar o número de membros nestes três anos?
Pastor: O trabalho é feito em equipe. O primeiro passo foi levar a igreja para fora das quatro paredes. Para mostrar o que é uma igreja evangélica. Pois acham que somos uma seita que só quer dinheiro. Tanto é que me chamam de padre evangélico. Panfletos lá não funcionam. A média de idade de 70 anos no Além Tejo. E a população na maioria é analfabeta e muito pobre, não sabe ler ou não enxerga direito. Então o trabalho é relacional, pessoalmente. E o crescimento tem ocorrido com base na confiança das pessoas durante a aproximação, depois na convivência diária, até que sejam instados a congregar. Aí tem todo um preparo para serem futuros dizimistas.
Francisco: E os jovens?
Pastor: Jovens são pouquíssimos lá, pois não há emprego. Migram para a Suíça, França, Inglaterra ou para as cidades do Porto e Lisboa. Só a Câmara, que corresponde a nossa prefeitura daqui, é que fornece às pessoas em idade produtiva alguns empregos. Mas faço um trabalho de formar pregadores e já temos três obreiros, um homem e duas mulheres que estão comprometidos com a obra. Por isso já posso sair de férias.
O jovem que hoje tem chamado missionário o que precisa fazer?
Pastor: Primeiro fazer missão aqui no Aribiri. Começando por receber, conversar e saber o que os visitantes buscam. Porque a igreja que faz missões é a igreja que ama as pessoas. E começa aqui o trabalho de relacionamento. Sentar perto, cumprimentar, saber da vida do visitante, contatar, se relacionar. Isso é uma igreja missionária. Fazer missões aqui e se preparar, mostrar para a igreja que pode fazer missão lá fora, porque provou que faz missão aqui. Sabendo a língua e tudo da cultura daquele país que pretende ir, atendendo o chamado de ser missionário.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário